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Chernobyl: Resumo e fotos do desastre nuclear soviético.

Chernobyl foi definitivamente um dos maiores desastres nucleares da história da humanidade. Não só pelo simples fato de causar problemas sérios à população local devido a sua radiação, mas também por ter causado sequelas econômicas e governamentais à boa parte da Europa.

O problema desse tipo de incidente é que estamos lidando com inimigos invisíveis. A radiação por ionização e fragmentação celular, por exemplo, implicam em problemas na mutação genética durante a gestação de fetos, que nascem com graves problemas de formação. A alta energia cinética faz com que as células transformadas em íons retirem os elétrons, causando enfraquecimento na ligação celular, consequentemente causando mutação genética. Já deves ter visto aquelas fotos de animais com mais pernas, ser humano sem olho, com deformações na pele, etc. Pode também provocar, quando falamos pelo calor emitido, em queimaduras pequenas ou grandes na pele, por exposição. O próprio câncer e deficiência na medula está incluído na brincadeira. Agora, vamos para a história resumida.
                                                           



    Em 26 de abril 1986, 01:23 da madrugada, a usina nuclear em Chernobyl na Ucrânia (antiga União Soviética) sofreu explosões e um incêndio nos reatores dentro das instalações, liberando grandes quantidades de radiação à atmosfera que se espalharam por parte da URSS e Europa. A cidade vizinha, Pripyat, sentiu os tremores no chão após a tampa de 1.500 toneladas do reator explodir e espalhar grafite e iodo. Acredita-se que foi negligência por parte dos funcionários locais, ao desligarem intencionalmente a regulagem de energia. Dois funcionários morreram na hora, um por radiação letal e outro pelo impacto da explosão. A princípio, não sabia-se do problema real da situação, pensava-se que era apenas um incêndio com duas mortes, e logicamente era muito pior que isso.
    Os primeiros bombeiros que chegaram ao local não possuíam equipamentos de proteção necessários, que acabaram se tornando expostos à radiação do lugar. As primeiras vítimas do desastre, falando indiretamente, foram os bombeiros que desesperadamente tentaram conter os fogos e os funcionários locais que se expuseram à radiação na hora do incidente. O incêndio local foi sucumbido por volta das 5h da manhã, mas o incêndio do grafite demorou 10 dias e pelo menos 250 bombeiros para conter. Entretanto, as emissões tóxicas continuaram a fluir para atmosfera, causando então problemas externos à Chernobyl: Pripyat e o resto da Europa.
     A maior parte da radiação, que vinha do magma debaixo dos escombros da usina e passava pelo reator, não parava de fluir para fora do lugar e infestar toda região de Chernobyl com radiação, que poderia matar em questões de horas quem estivesse exposto. O governo passou a saber pelo menos algumas horas depois, no meio do dia de 26 de abril, que havia algo muito errado com aquele acidente. A comissão de gestão de crise governamental foi investigar o ocorrido, e homens fardados com máscaras de gás começaram a medir a radioatividade de Pripyat, por meio de um aparelho medidor de roentgens.


A medição de roentgens

      Roentgen é uma medida de radiação ionizante (como raios X e raios gama) utilizada em um aparelho específico, e é utilizado para descrever a quantidade de íons que a matéria orgânica está recebendo. Uma dose básica e típica que o ser humano recebe de fundo anualmente é de 200mR. Agora, uma dose letal de radiação é de 500R em 5 horas. A radiação perto da usina em Chernobyl, após o incidente, era de 5,6 roentgens por segundo, totalizando 20.000 roentgens por hora. Muitos trabalhadores da usina receberam pelo menos 5 vezes a dose letal para radiação, absorvendo-a totalmente em pelo menos 1 minuto. Os investigadores que foram fazer a medição em Pripyat (cidade vizinha), pensaram que os seus dosímetros estavam quebrados, devido ao número de R. Naquela época, o número normal de roentgen na atmosfera era de 12 milhonésimos, enquanto Pripyat estava com 200 mílhesimos/R, 15 mil vezes mais do que o normal. Na mesma noite, o nível já era 60.000 vezes maior do que o normal. Cidadãos alegaram sentirem um gosto metálico e ácido na boca, que era proeminente do iodo. As pessoas na cidade continuavam seguindo suas vidas normais até o dia 27, que então as 2:00 da tarde começaram a evacuar. Apesar de contra suas vontades, correu tudo certo, com excessão de um idoso que se recusou a sair de sua casa. Algumas semanas depois, o corpo do mesmo foi encontrado. Centenas de pessoas tiveram sequelas e algumas morreram devido à exposição radioativa, a maioria em quarentena após serem evacuadas de suas casas. Atualmente, a região próxima da usina em Chernobyl tem pelo menos 700 R por hora, o que continua sendo letal ao ser humano após mais de 30 anos.



A MÍDIA

     Poucos jornalistas conseguiram tirar fotos e filmar nos dias do incidente, mesmo em helicópteros, devido à ionização e o grafite que espalhava sem parar na atmosfera. O teto da usina tinha betume, e isso fez com que a situação piorasse e deixasse ainda mais forte o incêndio. Alguns jornalistas morreram devido a exposição, e poucos conseguiram divulgar fotos reais dos reatores destruídos, tirar foto e entrevistar os bombeiros jogando areia na usina, e filmar os liquidadores indo retirar o grafite do teto. Apenas no dia 28, mais de 60h após o incidente, a Rússia resolveu alertar ao resto do mundo sobre o desastre de Chernobyl. Fotos e vídeos foram arquivados, com erros e pontos brancos nas mídias, devido à própria radiação que atingia as câmeras.
     Algumas fotos arquivadas e um mapa foram guardados com plástico revestido, dentro da casa real da Rússia, com radioatividade dentro. As poucas fotos tiradas, e vídeos divulgados (todos eles no documentário disponível que está no fim da postagem) tem seus autores mortos hoje por conta do incidente.

     Abaixo algumas fotos do desastre:


Criança sendo tratada após exposição de iodo, 1986

Homem sendo tratado, foto tirada pela TV em 1986

Foram evacuadas 43.000 pessoas de Pripyat.



Yura Kudriakse, criança infectada aguardando seu atendimento psiquiátrico em 1986. Esta foi uma das muitas crianças que tiveram que receber tratamento, na época.


Usina de Chernobyl vista pelo helicóptero, 1986 após o desastre. Vale ressaltar que essa foi uma das fotos expostas a radiação.

Os liquidadores 

     Após o governo tentar conter de todas as formas a sujeira que infestava a região, chegaram a tentar com máquinas, porém estas paravam de funcionar por conta do roentgen absurdo. Até que uma ideia suicida surgiu: mandar humanos pro telhado da instalação. Eram chamados assim os 60 soldados reservistas que tiveram que fazer o último trabalho para conter o problema que espalhava a radiação no céu, que era jogar com uma pá a maior parte do grafite dos telhados, num buraco e soterrar. Foram também chamados de "robôs biológicos", pois até o momento o uso de robôs tinha sido falho, então esses humanos eram a última esperança. Nunca na história havia feito algum teste humano para radiação como foi feito com estes soldados, que sequer sabiam se voltariam vivos. O plano para evitar a morte súbita por exposição, era os revestir com 30kg de chumbo como armadura, que nivelaria o roetgen para que cada um pudesse ficar no MÁXIMO 5 minutos fazendo o serviço. Era revezado entre dois a dois soldados, alguns ficando por 50 segundos apenas, fazendo o serviço de retiragem com a pá no telhado. Alguns soldados chegaram a subir 6 vezes no telhado para ficar até 2 minutos ou mais fazendo o serviço.
     Eles não tinham escolha, tinham que fazer. Após todos eles concluírem o serviço, muitos foram hospitalizados e ao menos 27 dos soldado morreram anos depois com a radiação (problemas na medula, câncer, entre outros). Foram entregues medalhas de honra aos que se arriscaram e sacrificaram para salvar muito mais vidas.


Foto tirada do filme Chernobyl 2019 e ao lado a foto real dos liquidadores retirando o grafite do telhado.


Foto dos liquidadores no reator 4 retirando toda sujeira. Detalhe importante: os pontos brancos na parte debaixo da foto são resultados da exposição ao grafite.



É claro que até hoje não se sabe quantas pessoas de fato morreram com o desastre, por conta de sequelas da infecção, da exposição, da inalação, entre outros. Estima-se centenas de milhares. Não estamos falando de uma guerra fria, mas sim de um inimigo invisível. Por que a taxa de câncer tem aumentado ao redor do mundo inteiro nos últimos 30 anos?

Obrigado pela atenção. O conteúdo completo e bastante detalhado está nas fontes abaixo, e os vídeos reais do incidente está no documentário disponível no fim do post. Vale ressaltar que todas as informações postas aqui foram bem resumidas, portanto o conteúdo real pode ser mais aproveitado caso tenha interesse, nas fontes abaixo.


FONTES: https://www.cbsnews.com/pictures/horrifying-photos-of-chernobyl-and-its-aftermath/
https://www.world-nuclear.org/information-library/safety-and-security/safety-of-plants/chernobyl-accident.aspx
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_nuclear_de_Chernobil

Documentário interessante sobre o incidente, que boa parte das informações foram extraídas do mesmo:


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