Na data de 1 de setembro de 2004 numa escola em
Beslan, norte da Rússia, ocorre o maior massacre escolar da história, e um dos
piores desde o século 19.
O ataque sangrento, com certeza, marcou não só a Rússia, mas toda a humanidade. Lembro-me de quando eu era bem menor e vi as imagens na TV: até pensei que era algum filme de terror, ou mesmo um reality show insano e doentio. Não conseguia entender como podia ser real centenas de milhares de crianças e adultos deitados no chão, com encapuzados apontando armas e plantando explosivos. Parecia um reality show de horrores de 3 dias.
Tudo iniciara-se ás 9 da manhã de 1 de Setembro. O ataque foi previsto por militantes da Chechênia,
sob liderança de Shamil Bassaiev, que resultou em 1200 reféns
sobre a mira de armas e explosivos plantados em diversos setores do prédio, por
três dias (terminando o cerco em 3 de Setembro). No início do ataque, os sequestradores entraram e
mataram poucos, e após isso levaram pelo menos 1.000 reféns para o ginásio, os
manipulando com bombas. Desses civis, incluia crianças de ambos os graus, pais,
professores e parentes, que comemoravam o dia da abertura do ano novo escolar.
No primeiro dia de ataque, às 4:40 da tarde, 12 crianças e 1 adulto conseguiram fugir após se esconderem em uma sala de aquecimento. Três horas e meia depois, as autoridades conseguem estabelecer contato com os sequestradores.
Durante todo o tempo foi-se recusado alimento e água aos reféns, que ocasionou
em alguns a beber a própria urina.
No segundo dia, Vladmir Putin cancela um vôo à Turquia para prestar uma declaração pública sobre o ataque. Após diversas tentativas de negociação, às 4:45 da tarde pelo menos 26 reféns são libertados. Mas tudo começou a piorar ás 9:00 da noite, quando 20 reféns são executados. Tudo decaiu desde então, com o estopim do 3º dia.
No terceiro dia às 1:00 da tarde, os sequestradores permitem que as autoridades removam os corpos em frente à escola que estavam desde cedo. Com isso, depois de um tempo, ouve-se explosões e as forças especiais russas
entraram no prédio atacando os sequestradores, que após esse ato de coragem, os
mesmos detonaram algumas bombas e atiraram contra os civis, resultando em 334
mortes inocentes. Desse número, 187 eram crianças. O resto dos reféns ao longo do tempo foram evacuados da escola, e pelo menos 37 terroristas (tirando apenas Nur-Pashi Kulayev, que fora preso) morreram.
Detalhes do ataque: As forças incluíam os grupos de assalto do SFS e as tropas associadas do
Exército Russo e do Ministério do Interior da Rússia, apoiadas por
vários tanques T-72 do 58º Exército da Rússia (comandado por Tikhonov em 2 de setembro), veículos BTR- 80 blindados de transporte de pessoal e helicópteros armados, incluindo pelo menos um helicóptero de ataque Mi-24.
Muitos civis locais também se juntaram à batalha caótica com suas
próprias armas - pelo menos um dos voluntários armados é conhecido por
ter sido morto. O criminoso Aslan Gagiyev afirmou estar entre eles. Ao
mesmo tempo, soldados regulares fugiram do local quando os combates
começaram. Testemunhas civis afirmaram que a polícia local também entrou
em pânico e até atirou na direção errada.
De acordo com o promotor, um veículo blindado chegou perto da escola e abriu fogo com uma metralhadora pesada KPV nas janelas do segundo andar. Testemunhas viram dois tanques T-72 avançando na escola naquela tarde. Durante julgamento posterior, o tenente-general responsável pelo tanque afirmou ter "disparado um tiro em branco e seis bombas explosivas antipessoal" sob ordens da SFS. O uso de tanques blindados finalmente foi admito em mídia nacional.
O ataque inesperado e mal pensado das forças armadas causou constrangimento à nação, e com certeza, um trauma político.
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| Alguns corpos recolhidos do ataque. Fonte da foto: CNN. |
Considerações exteriores:
- George Bush num discurso perante a Assembleia da
ONU em setembro de 2004, afirmou que os terroristas em Beslan "medem o
seu sucesso [...] na morte de inocentes e na dor das famílias enlutadas";
- Nelson Mandela chamou o ataque de "um
bárbaro e violento ato de terrorismo", dizendo que "de nenhuma
maneira pode a vitimização e morte de crianças inocentes ser justificada em
qualquer circunstância, e especialmente não por razões políticas";
- O presidente da Comissão Europeia Romano Prodi,
respondeu em 3 de setembro do mesmo ano dizendo que "a matança dessas
pessoas inocentes é um ato vil e maléfico de barbárie".
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| Nur-Pashi, um dos terroristas preso. Fonte da foto: CNN. |
Shamil Bassaiev, líder desse massacre, possui um histórico
peculiar: liderava um grupo de libertação checheno chamado Riyadus-Salikhin (o
grupo responsável pela atrocidade), foi culpado por um evento em 2002 em Moscou
que resultou na morte de 130 reféns (ler sobre aqui), foi culpado sobre o
assassinato de Akhmad Kadyrov, presidente pro-moscovo da Chechênia, em Maio de
2004, e diversos outros atos terroristas ao longo da história. Em 2006 esse
mesmo homem foi morto pelas forças russas numa operação em Inguchétia, no
Cáucasso Russo. Provavelmente, nem o inferno poderia ser uma boa retribuição
pelos seus atos.
Atentados são comuns em termos políticos, e no caso
da Chechênia, há uma rivalidade com a Rússia remontada desde o século 18. Em
questões pacifistas, os russos sempre consideraram a região como ameaça, pelo
simples fato do povo ter uma origem islâmica (eu não preciso dizer por quê). Os
dois sistemas políticos sempre estiveram em guerra um com o outro, que hoje em
dia resulta-se em diversos atentados terroristas.
https://www.britannica.com/event/Beslan-school-attack
https://edition.cnn.com/2013/09/09/world/europe/beslan-school-siege-fast-facts/index.html
Abaixo está algumas fotos fortes das vitimas. NÃO RECOMENDADO PARA PESSOAS SENSÍVEIS.
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