Você conhece a pessoa ao seu lado?
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Norman Bates do filme "Psicose" (1960) |
Bem vindo
ao nosso Mundo Psicótico. O assunto deste post se trata de algo que convivemos
diariamente, apesar de não sabermos exatamente como, que é a psicopatia. É
muito abrangente relacionar o estado psicológico com a maneira que os outros
interpretam isso, pois muitas vezes é confundido. Muitas vezes, uma má
interpretação desse estado leva a pessoa em uma emboscada sentimental,
financeira, e em casos à parte, a própria morte. O fato está aí: com quem você
convive todos os dias? Você conhece as pessoas que estão ao seu redor? É disso
que você vai discutir consigo mesmo ao ler esse artigo.
Quando um leitor pensa em uma pessoa com
sintomas psicopáticos, ou sociopáticos, normalmente lhe vem a cabeça alguém com
uma aparência de mal, descuidada, com um jeito de assassino e com desvios de
comportamento óbvios. E esse leitor pode ter uma certeza: isso é um grande
equívoco. Em suma, o psicopata pode sim possuir desvios de comportamentos
óbvios, mas estaremos lidando nesse artigo com o mal mais presente no
dia-a-dia: os predadores sociais.
O perfil de um predador social:
São pessoas aparentemente comuns que
convivem conosco todos os dias, com comportamentos que no meio da sociedade
seria incógnita, possuindo uma aparência muitas vezes comum às outras ou até
atraente, e com instinto manipulador nas conversas. Possuem uma extrema ambição
e não necessariamente são doentes mentais. Possuem consciência do
que fazem, do que falam e pensam. Porém, esses mesmos indivíduos possuem uma
trama maligna no subconsciente. Eles não possuem empatia e nem ética, pois isso
não faz sentido para eles, visto que seu lado egocêntrico e ambicioso não os
permite. Muitas vezes são pessoas insensíveis, frias, são transgressoras de
regras básicas, mentirosas, e não possuem culpa do que fazem. Muito pelo
contrário, vanglorizam-se dos "erros", ou crimes que cometem, que
para tais seria apenas mais um trabalho bem feito.
Quando me refiro à consciência
em si, vale ressaltar a diferença de ter e ser. Quando alguém possui
consciência de algo, significa que ela enxerga, pensa, faz o cérebro funcionar
corretamente. Quando alguém é consciente, significa que sabe sentir o que
ocorre, como por exemplo um apreço de carinho. Quando você vê uma pessoa
chorando após a morte de um ente querido, entende a situação por ser consciente
de ser doloroso, e inclusive se coloca no lugar da pessoa por possuir
compaixão. É agora que entra o ponto chave: o psicopata é isento disso.
Um psicopata pensa de uma forma
objetiva, e não subjetiva, que é o esperado de uma pessoa sem sentimentos. A
subjetividade necessita de uma interpretação sentimental sobre algo, largando o
mecanicismo (nenhum ser humano é dotado apenas de QI, pois ele não é uma
máquina) e levando as coisas para o lado mais "porquê?", por dotarmos
de um altruísmo. A subjetividade nasce a partir da irracionalidade momentânea,
quando por exemplo alguém faz questão de salvar uma pessoa de um afogamento.
Ela não tinha a necessidade de se prestar a um serviço que não fosse para seu
bem, e ainda por cima perigoso para si. E nem mesmo há uma necessidade de
prestar auxílio para uma velhinha atravessar a rua. A psicopatia apenas age com
altruísmo quando se trata de causar uma aparência, que com certeza, será
benéfica para bem próprio.
Por causa dessa falta de consenso
definitivo, vários pesquisadores têm discutido o porquê de nascer esse dote
maligno em alguém. Muito acredita-se ser um fator contextual, e não biológico,
pelo simples fato de não acreditar-se que esse fator seja uma doença. A
psicopatia segundo muitos psiquiatras de grande influência, pesquisadores e
psicólogos criminais, é um estado de ser, como alguém que é viciado em alguma
droga. O psicopata é viciado nas suas ambições, e de fato, não possui fatores
empáticos. Para entender melhor a empatia, temos que entender bem o sinal
visual que o cérebro interpreta:
O nosso sinal visual vai primeiro da retina para o tálamo,
onde é traduzido para a linguagem do cérebro. Boa parte dessa mensagem segue
para o córtex visual (parte de trás do cérebro da figura), onde é
analisada e avaliada em busca do significado e da resposta adequada; se a
resposta é emocional, um sinal vai para a amígdala ativar os centros
emocionais. Mas boa parte do sinal original vai do tálamo para a amígdala, que
responde com as emoções, numa transmissão mais rápida, permitindo uma resposta
mais pronta. Dessa forma, a amígdala pode disparar uma resposta emocional antes
que os centros corticais tenham entendido plenamente o que se passa.
O único problema aí é que as
informações dadas ao indivíduo estudado no assunto, na verdade não são
processadas corretamente na amígdala, que é responsável pelas emoções. Ela
normalmente vai apenas para o cortex visual, que age unicamente até em
situações extremas, como a morte de uma pessoa próxima. Não há lágrimas que
escorram nos olhos de um psicopata, inclusive se foi ele o autor do crime.
Então daí envolve-se discussões profundas tentando entender essa suposta
"doença", que pode também afetar sim o físico do indivíduo.
Predadores sociais
Laura, aos 23 anos, conheceu Ricardo,
um jovem atraente e administrador de empresas. Ele se mostrou um grande amigo e
aparentava ter os mesmos gostos que Laura. Ricardo conversava sobre qualquer
coisa e detalhava bem as suas aventuras e histórias envolventes. Entre suas
histórias, estava seus problemas com o pai tirano e a mãe histérica. Detalhou
sobre sua saúde frágil, que ao mencionar que o seu médico afirmou não possuir
muito tempo de vida na infância, deixou seu teatro se encaçapar nos sentimentos
de Laura. Ele era um artista: contava com lágrimas de gelo nos olhos.
Aos poucos, ela foi se envolvendo nas
histórias do seu rapaz e passou a ter uma atração por ele. Ele era um amor de
pessoa, e com isso, sua paixão floresceu, fazendo com que morassem juntos.
Ricardo aparentemente tinha uma carreira numa empresa multinacional, porém não
quis que Laura exercesse sua profissão. Ela deveria ficar bem vestida,
esperando-o para o jantar e com a casa impecável. "No início, tentei
argumentar que a veterinária era meu grande sonho, porém o aceitei por ser meu
grande amor".
Certo dia, Laura encontrou um
cãozinho abandonado e muito doente no meio da rua. Ela se sensibilizou e
levou-o para casa. Ricardo ao chegar em casa, teve um ataque de fúria e quis
devolvê-lo para o mesmo lugar. Ela conseguiu persuadí-lo e cuidou do cão como
se fosse um filho. Com dois meses de tratamento e carinho, o cachorro já esbanjava
saúde e vitalidade. "Que bom que ele está curado, agora podemos deixá-lo
na rua", disse Ricardo. "Mas como? Eu tenho o maior amor por ele! Não
posso abandoná-lo, isso é desumano!" Ricardo não pensou duas vezes e deu
vários pontapés no animal, colocou-o no carro e desapareceu com ele.
O relacionamento dos dois sempre foi
muito instável. Ora ele era extremamente delicado, romântico, mostrando-se
orgulhoso em apresentar sua bela companheira para os outros, ora era muito
agressivo e temperamental, trantando-a com berros e com ameaças físicas. Mas,
segundo Laura, invariavelmente pedia desculpas e a enchia de carinhos.
"Puxa vida, não sei o que me deu", "Acho que estou muito
estressado com as responsabilidades do trabalho", "Isso nunca mais
vai acontecer".
E Laura prosseguiu: "Ricardo era
extremamente ciumento e dizia que era amor. Ficava furioso quando qualquer
homem me olhava mais diretamente. Uma vez discutiu seriamente com um rapaz
porque cismou que ele estava me paquerando. É lógico que sobrou para mim
também. Depois disso, fiquei me perguntando se a culpa realmente não tinha sido
minha. Ele me deixava completamente confusa".
Quanto ao casamento, ele alegava que
não estava preparado e tinha uma vida pela frente. Cada vez que ela tocava
nesse tipo de compromisso, ele fugia do assunto. "Mesmo amando Ricardo, há
alguns anos pensei em fazer as malas e ir embora. Tivemos conversas sérias e
ele respondeu que a vida dele estava em minhas mãos. Como não viveria muito
tempo, iria se matar. Tremi depois desse comentário." Quando isso foi
mencionado, questionei qual era a doença que ele sofria. "Eu nunca soube
exatamente o que era. Ele não gostava de falar sobre isso. No início do nosso
namoro, tentei conversar com a mãe dele sobre seu passado, mas parece que ela
não entendeu bem o que eu queria dizer. Achei melhor não mexer muito nesse
assunto delicado, e além disso, Ricardo parecia bem fisicamente. Porém eu me
lembro de ela ter me dito que o Ricardo não era o homem que eu merecia. Antes
mesmo de eu dizer algo, ela mudou de assunto."
O tempo passou e Ricardo não precisou
mais de Laura: trocou-a por uma mulher mais jovem e bonita. Ele simplesmente
disse a Laura: "Precisamos nos separar. Você é ciumenta e estou me
sentindo enjaulado". Após esse fato, Laura sofreu muito com essa perda e
se questionou se estava realmente errada e era ciumenta. Porém de um tempo para
cá, ela descobriu que ele teve várias amantes e suas histórias eram mentiras.
Nunca houve doença. Laura foi peça de seu jogo narcisista e egocêntrico.
(Ana Beatriz Barbosa Silva, MENTES PERIGOSAS, O
PSICOPATA MORA AO LADO, pgs 59-62).
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Hannibal, do filme "O silêncio dos inocentes" 1992. |
Esse é só um dos milhares de casos que acontecem no
país. Não cito os assassinos, pois os deixo para próximos posts em categorias
específicas para psicopatas/serial killers. O ponto chave desse artigo foi
mostrar um pouco do que uma pessoa psicopata é capaz de arruinar na vida de um
inocente, e como eles são capazes de o fazer.
Você conhece a pessoa que está ao seu lado?
Ou o seu chefe? Seu candidato a política? Seu líder
religioso?
Bibliografia: Livro Mentes Perigosas, de autoria de
Ana Beatriz Barbosa Silva
Livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman (phD)
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